Após completar um ano de sua aquisição, por cerca de US$ 3 bilhões, a Aruba Networks foi mantida como unidade de negócios independente pela HP Enterprise (HPE), focada no mercado de conectividade com a oferta de produtos e software para mobilidade, segurança e wirelles. A marca também não foi extinta, como aconteceu com a 3COM, outra aquisição da HP em 2011.
Para reforçar sua estratégia nesses mercados, a HPE promoveu nesta terça e quarta-feiras, 8 e 9, na cidade de Las Vegas, EUA, o Atmosphere 2016, evento que reuniu cerca de 3 mil clientes e parceiros de negócios de diversos países, dos quais 250 da América Latina.
Meg Whitman, CEO da HPE, reforçou, durante sua apresentação, a importância dos canais de vendas, afirmando que trabalhar com parceiros está no DNA da empresa, uma vez que “99% das vendas de produtos de networking são realizados por parceiros e 70% das vendas de storage, servidores e redes convergentes”.
O fundador da Aruba, mantido como presidente da unidade e vice-presidente sênior da HPE, Dominic Orr, disse que em 2006 a empresa tinha 40 revendas e hoje elas somam mais de 41 mil no mundo todo, atuando no mercado corporativo e também em pequenas e médias empresas. Ele salientou que os modelos de redes legadas, que foram construídos sobre o conceito cliente-desktop, com fios ligados para comunicação com servidores internos, é uma abordagem desatualizada no ambiente empresarial de hoje.
“A proliferação de dispositivos móveis, a Internet das Coisas, bem como aplicativos baseados em nuvem, estão motivando as empresas a repensarem os requisitos de conectividade e mobilidade tradicionais para estabelecer um novo comportamento no local de trabalho, onde a colaboração e horários flexíveis tornaram-se normais”. – Dominic Orr
O executivo ressaltou que novos modelos de negócios estão na mobilidade e redes sem fio, e citou como exemplo a importância que a mobilidade vem ganhando na área de varejo, onde, segundo dados da NRF (National Retail Federation), 86% dos varejistas usam apps para se relacionar com clientes e 48% dos colaboradores trabalham de forma remota. Orr disse ainda que o tripé mobilidade, cloud e IoT criam novas experiências para usuários, mas a segurança é essencial para proteger os dados que circulam pelo o ar.
O novo conjunto de soluções de rede da Aruba tem uma abordagem focada em software, que lhe permite competir no mercado de redes fixas, pois o cliente pode manter os equipamentos legados.
Um local de trabalho conectado, com grandes volumes de dispositivos ligados à rede, exige que as equipes de TI tenham uma visibilidade detalhada sobre a camada de acesso – do usuário, dispositivo e do aplicativo – para manter a produtividade e garantir a continuidade dos negócios. Para esse local de trabalho não convencional, a Aruba oferece o software Clarity, que pode monitorar uma rede wireless e um amplo conjunto de métricas de forma pró-ativo para garantir alta disponibilidade.
A empresa também tem uma solução em parceria com a Microsoft chamada de Intelligent Space, que integra o escritório através do Oficce Workflow, usando recursos de localização, wireless, comunicação pelo Skype e colaboração. Num ambiente controlado, que reconhece os colaboradores através de um check in pelo app do celular, automaticamente cria um ambiente de colaboração onde podem ser trocados dados, desenhos, planilhas e compartilhamento de vídeo, criando um ambiente virtual de trabalho colaborativo. Quando as pessoas saem da sala, ele apaga tudo que foi apresentado, garantido o sigilo das informações.
A segurança é considerada fundamental, motivo pelo qual a Aruba adota o conceito Adaptative Trust, que cria políticas de segurança end to end, que permitem aos usuários acesso à nuvem, usar aplicações de IoT com visibilidade e categorização, com single autentication, que conectam novos dispositivos como sensores, câmeras, POS, etc.
A solução ClearPass Policy Manager permite que as equipes de operações de segurança criem políticas que se adaptam ao crescimento do BYOD (Bring your own device) e aos desafios emergentes em torno adoção Internet das coisas. Ele possibilita customização de perfis de dispositivo para qualquer um que esteja conectado sem categorização, autenticação multi-fator em dispositivos móveis para uso da rede e características de forense que detalha possíveis incidentes de segurança.
Na área de dispositivos móveis, a solução Meridian de construção de aplicativos incrementa a experiência e fidelização do usuário, que podem ser acessados em ambientes tanto privados como públicos, através de recursos de localização e de beacons. A solução pode ser usada por empresas e instituições que procuram fidelizar seus clientes num ambiente físico, como shopping centers, escolas, hospitais, supermercados, lojas de varejo, etc.
A Aruba tem uma série de iniciativas em mercados verticais. Uma das mais relevantes foi o projeto da Arena Levis, em Santa Clara, no coração do Silicon Valley, na Califórnia, onde aconteceu o Superbowl deste ano. Ela foi responsável por montar toda a infraestrutura de conectividade do estádio. No jogo estiveram 70 mil torcedores, que consumiram 10,1 terabytes de transferência de dados; 28.600 usuários acessando Wi Fi simultaneamente, transmitindo texto, vídeo, fotos, localização indoor. A pessoa poderia assistir o replay dos lances da partida a partir da transmissão da ESPM ou escolher do ponto de vista de uma das câmeras espalhadas pelo estádio.
Através do APP do estádio, os torcedores podiam ter uma série de informações, inclusive comprar alimento, bebidas e produtos de merchandising, como camisetas dos times. O torcedor através do aplicativo podia saber os pontos com menor fila para comprar um hambúrguer ou mesmo encomendar para entrega na sua cadeira, localizada através do aplicativo conectado ao bacon. Como resultado do projeto, a organização do estádio vendeu US$ 1,5 milhão de produtos extras e faturou US$ 750 mil em publicidade no aplicativo. Como o aplicativo inclui recursos de analytics, constatou-se que pipoca e cerveja Bud Ligth foram os dois itens mais vendidos durante o jogo.
América Latina
A América Latina e Caribe têm projeções de receitas para 2016 da ordem de US$ 250 milhões, através de 75 revendas de valor agregado focadas em atender as empresas do chamado topo da pirâmide. Além de distribuidores como Ingran, Techdata, Scansource e Anixter, que atende cerca de 3 mil pequenas e médias revendas.
Segundo Roberto Ricossa, diretor da América Latina da Aruba, a empresa tem crescido numa média de 30% ao ano, graças ao foco agressivo em mercados como o de educação, hospitais, retail e hotelaria. “Um dos fatores da HPE manter a Aruba como unidade de negócios independente é pelo fato dela ter flexibilidade em conquistar novos mercados.”
De acordo com Hilmar Becker, country manager da Aruba no Brasil, são as mesmas verticais de negócios que está dando ênfase. Após a junção do escritório do segmento de networking da HPE com o da Aruba, a equipe hoje soma cerca de 50 funcionários, trabalhando através da rede de parceiros.
Ele cita grandes projetos de Wi Fi que a empresa está implantando no Aeroporto do Galeão, que inclui beacons e aplicações de IoT; nos Correios, através de uma licitação vencida por um consórcio de operadoras de telecomunicações. “Na área de saúde temos sete hospitais com nossas soluções de conectividade e uma série de empresas de retail, como Magazine Luiza, Telha Norte, Lojas Marisa, Leroy Merlin, entre outros”, exemplifica.